terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Balzac e a costureirinha chinesa

O filme conta a história de Luo (Chen Kun) e Ma (Liu Ye) que são dois jovens de 17 anos que, em plenos anos 70, vivem na China comandada por Mao Tsé-Tung. Os dois são encarados como sendo inimigos do povo por seus pais serem médicos e dentistas, considerados burgueses reacionários. Luo e Ma são então presos e encaminhados a um "campo de reeducação", em uma vila isolada no Tibet. Todos os livros de Luo são queimados, mas Ma consegue manter seu violino ao alegar que Mozart compunha para o Presidente Mao.
No campo eles apenas encontram alívio nas músicas tocadas por Ma e nas histórias narradas por Luo, até que conhecem uma costureirinha (Zhou Xun) por quem ambos se apaixonam. Ela então lhes revela um precioso tesouro: livros considerados subversivos e de autoria de Flaubert, Tolstói, Victor Hugo e Balzac, que estão de posse de Quatro Olhos (Wang Hongwei), outro jovem que está sendo reeducado e está prestes a retornar à cidade. O trio então decide por roubá-los.
Começa, um novo mundo nas montanhas chinesas, um mundo de descobertas. A principio Luo e Ma pretendem ler para a constureirinha para ensina-la , e tira-la da alienação, no entanto com os novos livros descobertos, aos poucos eles também estão sendo transformados, ambos já eram alfabetizados e conheciam muitos livros, mas os livros que agora tinham contato foram escritos antes deles serem alfabetizados e eram proibidos pelo regime comunista.
Em uma junção de romantismo e suspense, o filme nos mostra um processo de transformação individual, e até mesmo social que a literatura pode causar.
Uma transformação individual que é refletida na personagem constureirinha, que ao se encontrar todos os dias com realidades diferentes narradas pelos autores dos clássicos literários, ela se apropria a cada dia de uma nova maneira de pensar o mundo, e isto fica claro no final do filme, que não irei contar aqui pois merece ser visto.
O que Balzac e a constureirinha chinesa tem a nos ensinar? Nada, que seja pragmático.Pois não se propõe a isto.
Nos ensina sim, muitas coisas, cada uma na singularidade de quem o vê, nos ensina pelo simples deleite. Para alguns o filme faz uma critica ao regime comunista, para outros revela relação de gênero, e para outros a questão da alfabetização...
E para você o que um filme, ou um clássico literário pode significar? O que tem a oferecer, o que modifica ou não sua forma de viver?

* Só tenho a dizer, que após Balzac uma coisa mudou em mim, e esta coisa tem nome, significa ânsia por conhecer e desfrutar dos deleites literários.